domingo, 31 de agosto de 2014

ANÁLISE FOTOGRÁFICA

A fotografia é sem dúvida um saboroso elemento na pesquisa histórica. Quando estamos pesquisando determinado tema é tão comum perguntarmos para nós mesmos: Será que temos imagem que retrata essa situação? No campo da imagem, a fotografia é a que mais nos instiga os olhos. Acredito ser em função da magia de saber que houve um preparo para que aquela imagem acontecesse enquanto memória e enquanto elemento físico. Ao contrário da pintura que em imagem representa as concepções de arte, as técnicas e enfim a formação do pintor, a fotografia é elemento estático, uma parada de imagem. Apesar de que a fotografia também representa o olhar do fotógrafo. Entretanto, para que a fotografia transforma-se em uma imagem no papel, a cena representada tem que realmente ter acontecido. O que não acontece muitas vezes com a pintura, pois essa pode ser simplesmente a interpretação do artista.
Mas é mister entender como se desenvolveu o processo da fotografia para que possamos saber analisar uma imagem.  A fotografia surgiu na França como uma nova profissão quando está ainda vivia um período de instabilidade política em consequência da Revolução Francesa e do Império Napoleônico, em meados do século XIX.  Para precisar em 1826, com o inventor e fotógrafo francês Joseph Nicéphore Niépe. Mais tarde em 1888, com George Eastman, surge a Kodak e a fotografia torna-se popular com um tipo de câmera bem mais leve e de baixo custo para operar.
A denominação “fotografia” foi definida pelo francês Antine Hercules Romuald Florence (1804-1879) por usar uma nova técnica de impressão desenvolvida a partir de uma ação química da natureza (efeito da luz do sol sobre substâncias fotossensíveis). Florence chegou a viver e trabalhar no Brasil. Mas ao Império Brasileiro não interessava pesquisas cientificas no século XIX e sim a sua atuação e consolidação política. Daí o pouco apoio que Florence teve no Brasil.
Contextualização a parte é necessário entender o que uma fotografia pode nos revelar, além da simples imagem que reproduz. Muito além das informações que a foto nos oferece, tais como dia, lugar e motivo, esta a ação e a atividade do signo. Quem propõe a análise são as categorias semióticas peirceanas desenvolvidas por Charles Sanders Peirce. Para ele interessa saber como os signos podem atingir mentes potencialmente interpretadoras. Isso é possível de ser entendido através da estrutura do signo. O que a imagem representa? Que elementos ela trabalha? Por que motivo se teve interesse em fotografar essa cena?
Feito essas considerações, vamos à análise da imagem selecionada. Separei aqui uma fotografia da década de 1920 no Município de Santo Antônio da Patrulha. O original dessa imagem compõe o acervo iconográfico da Fundação Museu Antropológico Caldas Júnior e revela a seguinte informação “Inauguração da Usina de Luz Elétrica – 1919”. Porém mais importante de quem está na foto é o que a foto revela e pra isso, vamos ver o que é possível apurar utilizando a técnica de leitura de signo, proposta Peirce.
A imagem revela padrões de comportamento. Homens são maiorias e todos usam chapéus. Mostra o grande acontecimento que atingiu toda a sociedade com a inauguração de uma importante obra que geraria luz elétrica para a comunidade. O acontecimento foi tão festivo, que mesmo em um dia muito frio (isso está representado na imagem apesar da qualidade) não faltou até mesmo uma banda de música para saudar as autoridades e a população. É uma foto que mostra a importância da obra não só para a comunidade, como também a importância enquanto acontecimento político para o Intendente da época Cel. Paulo Maciel de Moraes. A fotografia original está colada em um papel cartaz em medidas que ultrapassa o padrão comum de fotografias a época em Santo Antônio da Patrulha. Nota-se que a intenção foi pendurá-la na parede como se fosse um quadro, o que nos revela a importância do acontecimento e a necessidade de lembrá-lo constantemente. Sem dúvida uma propaganda política do Intendente e de sua atuação no PRR (Partido republicano Rio-grandense).


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