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A fotografia é sem dúvida um
saboroso elemento na pesquisa histórica. Quando estamos pesquisando determinado
tema é tão comum perguntarmos para nós mesmos: Será que temos imagem que
retrata essa situação? No campo da imagem, a fotografia é a que mais nos instiga
os olhos. Acredito ser em função da magia de saber que houve um preparo para
que aquela imagem acontecesse enquanto memória e enquanto elemento físico. Ao
contrário da pintura que em imagem representa as concepções de arte, as
técnicas e enfim a formação do pintor, a fotografia é elemento estático, uma
parada de imagem. Apesar de que a fotografia também representa o olhar do
fotógrafo. Entretanto, para que a fotografia transforma-se em uma imagem no papel,
a cena representada tem que realmente ter acontecido. O que não acontece muitas
vezes com a pintura, pois essa pode ser simplesmente a interpretação do
artista.
Mas é mister entender como se
desenvolveu o processo da fotografia para que possamos saber analisar uma
imagem. A fotografia surgiu na França
como uma nova profissão quando está ainda vivia um período de instabilidade
política em consequência da Revolução Francesa e do Império Napoleônico, em
meados do século XIX. Para precisar em
1826, com o inventor e fotógrafo francês Joseph Nicéphore Niépe. Mais tarde em
1888, com George Eastman, surge a Kodak e a fotografia torna-se popular com um
tipo de câmera bem mais leve e de baixo custo para operar.
A denominação “fotografia” foi
definida pelo francês Antine Hercules Romuald Florence (1804-1879) por usar uma
nova técnica de impressão desenvolvida a partir de uma ação química da natureza
(efeito da luz do sol sobre substâncias fotossensíveis). Florence chegou a
viver e trabalhar no Brasil. Mas ao Império Brasileiro não interessava
pesquisas cientificas no século XIX e sim a sua atuação e consolidação
política. Daí o pouco apoio que Florence teve no Brasil.
Contextualização a parte é
necessário entender o que uma fotografia pode nos revelar, além da simples
imagem que reproduz. Muito além das informações que a foto nos oferece, tais
como dia, lugar e motivo, esta a ação e a atividade do signo. Quem propõe a
análise são as categorias semióticas peirceanas desenvolvidas por Charles
Sanders Peirce. Para ele interessa saber como os signos podem atingir mentes
potencialmente interpretadoras. Isso é possível de ser entendido através da
estrutura do signo. O que a imagem representa? Que elementos ela trabalha? Por
que motivo se teve interesse em fotografar essa cena?
Feito essas considerações, vamos
à análise da imagem selecionada. Separei aqui uma fotografia da década de 1920
no Município de Santo Antônio da Patrulha. O original dessa imagem compõe o
acervo iconográfico da Fundação Museu Antropológico Caldas Júnior e revela a
seguinte informação “Inauguração da Usina de Luz Elétrica – 1919”. Porém mais
importante de quem está na foto é o que a foto revela e pra isso, vamos ver o
que é possível apurar utilizando a técnica de leitura de signo, proposta Peirce.
A imagem revela padrões de
comportamento. Homens são maiorias e todos usam chapéus. Mostra o grande
acontecimento que atingiu toda a sociedade com a inauguração de uma importante
obra que geraria luz elétrica para a comunidade. O acontecimento foi tão
festivo, que mesmo em um dia muito frio (isso está representado na imagem
apesar da qualidade) não faltou até mesmo uma banda de música para saudar as
autoridades e a população. É uma foto que mostra a importância da obra não só
para a comunidade, como também a importância enquanto acontecimento político para
o Intendente da época Cel. Paulo Maciel de Moraes. A fotografia original está
colada em um papel cartaz em medidas que ultrapassa o padrão comum de
fotografias a época em
Santo Antônio da Patrulha. Nota-se que a intenção foi pendurá-la
na parede como se fosse um quadro, o que nos revela a importância do
acontecimento e a necessidade de lembrá-lo constantemente. Sem dúvida uma
propaganda política do Intendente e de sua atuação no PRR (Partido republicano Rio-grandense).
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