quinta-feira, 14 de agosto de 2014

RAIZ PATRULHENSE DE TEIXEIRINHA.

È impossível estudar a trajetória da música no Rio Grande do Sul, sem lembrar de Vitor Mateus Teixeira, popularmente conhecido como TEIXEIRINHA. Um fenômeno popular que vivenciou 27 anos de carreira com mais de 700 canções gravadas.
Teixeirinha é reconhecido como o maior vendedor de discos do Rio Grande do Sul e o primeiro artista brasileiro a vender um milhão de cópias. Sobre tudo fez, protagonizou e escreveu doze filmes.
Quem não se lembra de música “Coração de Luto” que projetou o artista em 1961? Como não lembrar o filme de mesmo nome, sucesso de bilheteria, escrito e encenado por Teixeirinha em 1966?
Estes questionamentos e o sucesso que muitos acompanharam chamam a atenção para outra pergunta: Qual a relação de Teixeirinha com Santo Antônio da Patrulha? Pois é este o Município do nascimento de Vitor Mateus Teixeira. Em 1927 na localidade de Mascarada que integrava o Distrito de Rolante, Município de Santo Antônio da Patrulha (Este Distrito emancipou-se de santo Antônio da Patrulha, em 1954, tornando-se o Município de Rolante).
Filho de Saturnino e Ledorina Teixeira, Teixeirinha teve uma infância difícil. Seu pai era casado pela segunda vez e possuía filhos da primeira união. Estes não aceitavam a nova família do pai e os pressionavam com ameaças e agressões.
Com cinco anos de idade o menino Vitor ganha de seu pai um violão, estimulando-o a fazer versos e canções. Este instrumento foi quebrado por um de seus irmãos, o que deixou seu pai muito agitado vindo a falecer de ataque cardíaco no mesmo dia. Dona Ledorina e o filho foram expulsos da propriedade em que residiam, indo morar de favor em localidade próxima.
Em visita a localidade de Catanduva Grande (hoje 3º Distrito de Santo Antônio da Patrulha) alguns moradores informaram que Ledorina Mateus Teixeira e seu filho Vitor lá residiram até o seu falecimento em 1936. Dona Ledorina era epilética e teve uma convulsão no momento em que incinerava uma fogueira. Sofreu graves queimaduras e faleceu no dia seguinte.
Órfão aos nove anos de idade, Vitor foi morar em Porto Alegre vivendo como menor abandonado. Foi engraxate, verdureiro, baleiro e estafeta de hotel. Em 1941 registrou seu nascimento em cartório de Porto Alegre. Em 1944 passou a trabalhar em uma granja da periferia e conseguiu comprar um violão.
Aos 22 anos empregou-se como operador de maquinas no DAER e passou a apresentar-se na rádio Progresso, em Novo Hamburgo. No período de 1950 a 1957 atuou em vários programas das rádios Taquara, Independente de Lajeado, Rio Pardo, Alto Taquari e Santa Cruz. No início da década de 1960 a música “Coração de Luto” explode nas rádios. Com uma letra baseada em fatos verídicos, a música mostrou o sentimentalismo frente à morte da mãe, único esteio familiar de um menino de nove anos. Mas teria sido o interior do Município de Santo Antônio da Patrulha o cenário deste episódio trágico? Muito ainda há para ser resgatado no cerne desta questão, mas posso afirmar que a Srª Ledorina Mateus Teixeira foi sepultada no cemitério velho de Catanduva Grande. Atualmente existe somente a sepultura, os restos mortais foram levados pela família. 
Enfim, a vida e a obra de Teixeirinha, sucesso interrompido com sua morte em 05 de dezembro de 1985 nos deixou um legado de 69 Lps, 700 canções e 12 filmes. Mas sua obra continuou gerando frutos. Vários artistas regravaram suas canções e seu nome é lembrado em ruas de Porto Alegre e num Balneário de Novo Hamburgo. Contudo, podemos afirmar que Teixeirinha é um PATRULHENSE.
Na foto anexa, Teixeirinha aparece ao lado de Mery Terezinha, parceira musical com quem foi casado em segunda união. Essa foto foi gentilmente ofertada pela Senhora Gradir Conceição, tia da amiga Rosalva Rocha. No verso está escrito: “Teixeirinha e Mery Terezinha, apresentação em Porto Alegre, por volta de 1965”.

BIBLIOGRAFIA:
MANN, Henrique: CEEE/Som do Sul (fascículo nº 05 – Gildo de Freitas e Teixeirinha) Porto Alegre, Editora Alcance, 2002.


2 comentários:

  1. Houve uma época em que a Prefeitura pediu autorização ao filho para explorar o local do acidente que vitimou a avó, o que foi negado.

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  2. Os Passo Fundenses costumam atribuir o seu nascimento lá, o que não é verdadeiro, sabemos. Dizem que Passo Fundo foi a cidade que o acolheu como cantor e que, inclusive, erguei uma estátua em sua memória.

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